O ambiente que nos rodeia influencia a nossa saúde. Agora que já ENCONTROU, desafio a CONHECER um pouco mais da Saúde Ambiental que uma estagiária do I Curso de Saúde Ambiental da Escola Superior de Beja PRATICARÁ em diferentes contextos.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

11ª e 12ª Semana de Estágio – Parte I

6 a 17 de Junho

Ao longo destas duas semanas realizámos várias actividades distintas, nomeadamente:

- Colheita de amostra de água em piscinas
- Relatório anual das piscinas
- Colheita de água nas zonas balneares
- Vistoria para avaliação das condições de Segurança, Higiene e Saúde dos estabelecimentos escolares e de ensino;
- Avaliação do projecto de educação para a prevenção
- Licenciamento de estabelecimentos

Como foram várias actividades distintas, vou separá-las em duas publicações. A Parte I contém actividades relacionadas com águas (colheitas de águas a piscinas, zonas balneares e relatório anual de piscinas) e a Parte II actividades relacionadas com a saúde escolar e licenciamento de estabelecimentos.

- Colheita de amostra de água para análise em piscinas

Compete à autoridade de saúde “vigiar o nível sanitário dos aglomerados populacionais, dos serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública e determinar as medidas correctivas necessárias à defesa da saúde pública.” (alínea a) do nº 3 do art. 5º do Decreto-Lei n.º 82/2009, de 2 de Abril).
Os perigos que podem estar associados à utilização de piscinas criam a necessidade de vigilância da qualidade, não só da água (ex: temperatura, insuficiência de agente desinfectante, deficiências de renovação da água), como também a nível estrutural (ex: saídas de emergência, ausência de acessibilidade a pessoas com mobilidade condicionada) e de funcionamento (ex: responsáveis pelo tratamento da água sem formação). A Direcção-geral da Saúde elaborou então um o programa de vigilância sanitária para as piscinas onde procura uniformizar critérios e procedimentos, bem como garantir a existência de planos de identificação, monitorização e controlo de risco, de modo a que a saúde e segurança dos utilizadores, trabalhadores e visitantes seja assegurada, através da Circular Normativa nº 14/DA de 21/08/09. Assim ficam abrangidas pelo programa de vigilância sanitária as piscinas de Tipo 1 (públicas), Tipo 2 (semi-públicas) e de hidroterapia e com fins terapêuticos, independentemente que sejam cobertas ou descobertas, de água doce ou salgada. As piscinas de Tipo 3 (de uso privado) não são incluídas no programa, visto que são de uso exclusivamente familiar e destinado a um número reduzido de utilizadores.
Como tal, estão incluídas no programa de vigilância sanitária de piscinas do concelho do Seixal piscinas do Tipo 1 (ex: municipais) e Tipo 2 (ex: Hotel ou parque de campismo), cobertas e descobertas.

Atendendo ao programa específico para a USP Higéia – Pólo Seixal, dirigimo-nos a 2 piscinas com o objectivo de efectuar colheita de águas para análise. As piscinas são diferentes, uma coberta Tipo 1 e uma descoberta Tipo 2, com diferentes tipos de tanques (pequeno, grande, multifunções e jacuzzi).

Ao entrar no recinto da piscina, calçámos a protecção de pés, para não contaminar com os nossos sapatos a área destinada ao banhista. Em todas as piscinas realizámos colheitas de água para análise microbiológica (superfície e profundidade) e química e no jacuzzi ainda recolhemos uma amostra para pesquisa de legionella.
A técnica de colheita que seguimos encontra-se nas imagens seguintes (clique para ampliar):
Técnica de Colheita para Análise Microbiológica - Superfície

Técnica de Colheita para Análise Microbiológica - Profundidade

Técnica de colheita para Análise Química
A dificuldade que sentimos foi essencialmente na colheita de água para análise microbiológica em profundidade.
O frasco de mergulho possui uma armação onde são colocadas duas cordas esterilizadas, uma fica presa na armação e a outra segura na tampa, permitindo que, quando puxada, a tampa abra.
Frasco de Profundidade para análise Microbiológica

Como indica a técnica de colheita, a corda que permite a entrada de água no frasco deve ser puxada somente quando o frasco se encontrar totalmente submerso, a cerca de meia altura do tanque.
O problema que nos deparámos é que dentro de água, a tampa não abre, não permitindo a entrada de água para o frasco da amostra. Assim, para contornar o problema, tenta-se puxar um pouco a tampa do frasco antes da colheita para verificar se este abre um pouco. Este facto deve-se ao processo de esterilização, que faz com que a tampa fique colada ao frasco. O objectivo é contaminar o mínimo possível o frasco da colheita, para não contaminar a amostra, mas deparando-nos com problemas como este, temos que adoptar procedimentos que nos permitam recolher a amostra. Uma boa prática é levar para as colheitas de águas em piscinas um frasco de mergulho suplente. Para a colheita da piscina descoberta foi essencial o frasco suplente uma vez que, ao realizar a colheita, a tampa salta da armação e vai para o fundo da piscina. Neste caso solicitei a um banhista, que se encontrava na piscina, a tampa e realizei nova colheita com o frasco de mergulho suplente.

Em cada tanque é também determinada a temperatura da água, temperatura da nave (se for piscina coberta), teor de cloro residual livre, teor de cloro residual combinado e pH. Como os teores de cloro residual livre e/ou cloro residual combinado são determinados no local, com o auxílio do fotómetro, quando estes apresentam valores acima ou abaixo dos limites legislados devemos informar o responsável pela piscina. Assim existe a possibilidade de corrigir a inconformidade rapidamente. Posteriormente, dirigimo-nos ao laboratório de saúde pública, em Setúbal, para entregar as amostras.

Mais tarde, recebemos os boletins com os resultados das análises, onde constam vários parâmetros, indicados na Circular Normativa nº 14/DA de 21/08/09Devemos então classificar a qualidade da água como própria, sob vigilância reforçada ou imprópria (apesar da circular normativa indicar somente própria e imprópria).

  • o  Num tanque com água própria, nenhum dos parâmetros microbiológicos ultrapassa os Valores-Limite referidos na tabela abaixo;
  • o   Num tanque com água sob vigilância reforçada, a água apresenta temperatura elevada, agente desinfectante insuficiente ou exagerado, parâmetros físico-químicos alterados e outros aspectos que possam prejudicar a qualidade da água da piscina, mas não se incluam em água imprópria;
  • o  Num tanque com água imprópria, basta um dos parâmetros analisados apresentar valores superiores à tabela seguinte:

Comunica-se à entidade responsável pelo tratamento da água o resultado da análise e apreciação, seguindo-se de medidas correctivas em caso de água sob vigilância reforçada ou imprópria.


- Colheita de água praia Zonas balneares

Dirigimo-nos a uma das praias do concelho do Seixal que está incluída no Programa de Vigilância Sanitária das Zonas Balneares Costeiras e de Transição. Fomos com o objectivo de realizar uma colheita de água para análise e para recolher informação relativa à zona envolvente da praia. Foi seguido o modelo C – Avaliação da Zona Envolvente, da Norma nº 10/2011, de 28/04/2011.
Não foi possível preencher por completo este modelo pelo facto da zona envolvente se encontrar em manutenção: instalação sanitária, chuveiros, bar, acessos ao bar, entre outras reparações.
A dificuldade que nos deparámos foi na classificação final, especificamente no cálculo do índice. Na norma não explica da forma mais explícita, podendo originar má interpretação do índice obtido.
Também foi preenchida a ficha de campo, que se encontra no anexo II-Modelo A. Esta ficha de campo solícita informações acerca da amostra e do local de amostragem e das condições atmosféricas. Esta ficha não é muito clara, quando solicita informações acerca da caracterização do local de amostragem, se existem resíduos na areia ou somente na água, por exemplo. No caso, existiam muitos resíduos na areia, mas no momento da colheita não visualizámos quaisquer resíduos na água. No entanto, é visível que foi a água trouxe para a areia aqueles resíduos. Será pertinente esta observação? Como identificar que os resíduos não foram depositados directamente na areia? O parâmetro temperatura da água é relevante, se não é possível controlar? Existe alteração significativa na qualidade da água?
 São algumas dúvidas que me deparei ao preencher esta ficha de campo.
Foi seguido o procedimento de colheita que consta na norma, e se encontra na imagem seguinte:
Procedimento de colheita de água em zonas balneares
Não seguimos o procedimento que estava programado, porque não tínhamos disponível bote. Como tal, com o frasco de mergulho, recolhemos a amostra com água entre 20 a 30cm de altura porque a corrente estava forte e poderia comprometer a nossa segurança.
Segue-se algumas imagens desse dia.


Praia Ponta dos Corvos/Alfeite
A realizar a colheita de água
 Documentos de interesse:

Decreto-Lei n.º135/2009, de 3 de Junho, relativo à vigilância sanitária das zonas balneares;


- Relatório Anual das Piscinas

Nestas semanas concluímos o relatório anual das piscinas, onde as principais conclusões foram:


- O programa de análises de água foi cumprido em 95 %;
- 85 % das análises com qualidade da água imprópria foram comunicadas à entidade gestora da piscina;
- 24 % das análises realizadas aos tanques revelaram-se impróprias;
A principal causa da qualidade da água se revelar imprópria é a existência de de Estafilococos, Enterococos e Pseudomonas Aeruginosa.

Estas conclusões são de grande importância, pois permite-nos fazer um diagnóstico da situação do concelho e avaliar o programa seguido.


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