O ambiente que nos rodeia influencia a nossa saúde. Agora que já ENCONTROU, desafio a CONHECER um pouco mais da Saúde Ambiental que uma estagiária do I Curso de Saúde Ambiental da Escola Superior de Beja PRATICARÁ em diferentes contextos.

domingo, 3 de julho de 2011

Nona e Décima Semanas de Estágio

16 de Maio a 3 de Junho

Ao longo destas duas semanas de estágio tive a oportunidade de realizar actividades bastante enriquecedoras para uma futura TSA, que passo então a descrever:

Colheitas de Água para Consumo Humano
Como referido na publicação Segunda e Terceira semanas de estágio, para conhecer a qualidade da água distribuída para consumo humano são realizados vários tipos de análises:

     Análises de Campo (AC’s);
     Análises Microbiológicas (AM);
     Análises Físico-químicas Complementares (AFQC);
     Análises Físico-químicas Rotina (AFQR).

Durante estas duas semanas tive oportunidade de realizar colheitas de água para análise microbiológica, análise físico-química complementar e análise físico-química de rotina.
Deve ser seguido o procedimento para colheita de amostras de água que consta na Recomendação ERSAR n.º 03/2010, e que se encontra, de uma forma resumida, de seguida:

Procedimento de colheita de amostra de água

     Escolher, preferencialmente, uma torneia de água fria;
     Retirar (se possível) os acessórios externos e adaptados à torneira (filtros, mangueiras ou outras aplicações);
     Desinfectar a torneira por flamejamento (só necessária quando é recolhida amostra para análise dos parâmetros microbiológicos);
     Abrir a torneira e deixar escoar durante 5 a 10 segundos com fluxo máximo, reduzir o fluxo e deixar correr a água o tempo suficiente para eliminar a influência da temperatura do flamejamento;
     Para recolher a amostra para análise de parâmetros microbiológicos:
o   Desinfectar as mãos ou utilizar luvas estéreis, para evitar contaminação da amostra;
o   Recolher a amostra em frasco estéril, garantindo as condições de assepsia;
o   O frasco só deve estar aberto pelo período de tempo estritamente necessário para recolha da amostra. Não encher o frasco na sua totalidade.

     Recolher as amostras para AFQC e AFQR;
     Identificar devidamente todos os frascos, de modo a que sejam facilmente rastreáveis à folha de registo da amostragem;
     Por último, recolher a amostra para determinação imediata, no local do teor de desinfectante residual e pH;
     Os frascos das amostras devem ser colocados em malas térmicas, devidamente limpas e com acumuladores de frio, de modo a garantir a correcta refrigeração das amostras até entrega no laboratório.


Quando são realizadas colheitas AM, AFQC ou AFQR, são também verificados os parâmetros de cloro residual livre e pH, ou seja, realiza-se também uma AC.

Até à data, o parâmetro cloro residual livre apresenta valores mais baixos que o teor exigido no DL nº. 306/2007, o que pode trazer implicações para a saúde das populações que este sistema de abastecimento serve.

Aguardamos então os resultados das amostras de água colhidas, e notificamos a autarquia que o cloro residual livre apresenta valores inadequados, para que esta possa tomar medidas correctivas. Introduzimos igualmente os valores de pH e cloro residual livre no sistema de informação SisÁgua.

Documentos de interesse:

- Decreto-Lei nº306/2007 de 27 de Agosto, relativo à qualidade da água destinada ao consumo humano;
- Recomendação da Entidade Reguladora dos Serviços de Agua e Resíduos (ERSAR) n.º 03/2010, sobre o Procedimento para a Colheita de Amostras de Água para Consumo Humano em Sistemas de Abastecimento


- Relatório Anual das Piscinas

Dedicámos grande parte do tempo à realização do Relatório Anual das Piscinas, relativo ao ano 2010. É a primeira vez que este relatório é elaborado nesta unidade de saúde pública, por isso, como referência seguimos orientações da ARS LVT.
No relatório é apresentado uma apreciação global do programa, assim como da qualidade da água das piscinas que constam no programa, com o auxílio dos indicadores de qualidade programados pelo ACES.

Utilizamos uma base de dados onde constam vários dados, designadamente:
- Piscina, tanques, data de colheita;
- Qualidade da água (água própria, sob vigilância reforçada e imprópria)
- Parâmetros físico-químicos (temperatura da água, temperatura do ar, humidade relativa, cloro residual livre, cloro residual combinado, cloretos…)
- Parâmetros microbiológicos (Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli Estafilococos, Enterococos…)
- Outras informações (ex: interdição da piscina por acidente – presença de fezes)


Como esta base de dados está em suporte digital, existe a possibilidade de utilizar os dados de uma forma mais fácil e simplificada e tirar conclusões de uma forma rápida, contudo, esta base de dados não está completamente actualizada e como tal, antes de iniciarmos qualquer recolha de informação, actualizámos a base de dados, não só na introdução de novas análises como na organização da mesma.
Iniciámos então o relatório, seguindo a estrutura dos relatórios da ARS LVT como já tinha referido anteriormente, mas adaptando à realidade do Concelho do Seixal. Recolhemos os dados essencialmente da base de dados, quando nos deparámos com várias falhas, como por exemplo: o número de análises realizadas é superior ao número de análises previstas, o número de análises com qualidade imprópria não corresponde ao número de notificações às piscinas, entre outras falhas que detectámos. Para contornar estes problemas, resolvemos manualmente, verificando e comparando a programação de análises, os boletins e as comunicações às piscinas. Este trabalho foi exaustivo e ocupou bastante tempo, apesar de ser uma parte menos técnica.

Continuámos então a realizar o relatório anual das piscinas, apresentando gráficos para ilustrar melhor os dados e as conclusões que são possíveis obter.

Vistoria a Escolas para Avaliação das Condições de Higiene, Segurança e Saúde
Durante este período do estágio também visitámos três escolas com o objectivo de avaliação das condições de segurança, higiene e saúde dos estabelecimentos de estabelecimentos de educação e ensino. As três escolas são do tipo Escola Básica/Jardim de Infância, foram construídas há mais de trinta anos e possuem uma configuração bastante semelhante entre elas.
Os principais aspectos observados foram:
     Presença de humidade em todas as escolas, na zona de refeitório, armazenagem de alimentos, sala de enfermaria ou salas de aula. Numa das escolas, os funcionários da cozinha, como tinham problemas respiratórios, queixaram-se da humidade, com presença de fungos, existente no armazém dos géneros alimentícios;
     As escolas não possuem programa de desinfestações periódicas. Quando verificam a existência de baratas, por exemplo, contactam a câmara municipal. Escolas relatam que realizam desinfestações é efectuada uma ou duas vezes por ano, não existindo nenhum programa definido em todas as escolas visitadas;

     Existência de corrimãos das escadas fáceis de subir e escorregar;
Exemplo de escadas com corrimão fácil de subir e escorregar
     Nas três escolas não existe plano de segurança elaborado e testado. Numa das escolas, os professores solicitaram a realização do plano, mas como não tinham previsão da sua realização, decidiram, os próprios professores, elaborar o plano, de modo a salvaguardar a sua segurança e das crianças da escola.

Promoção para a saúde – Projecto MUNSI
Uma professora que assistiu à acção do MUNSI, após contacto com outros professores da escola, solicitou ao centro de saúde de Corroios – Moinho de Maré, a realização de mais duas acções de promoção para a saúde, do projecto MUNSI. Dirigimo-nos então à escola para realizar a acção a duas turmas do segundo ano, que nos receberam muito bem. À semelhança das turmas anteriores, dividimo-nos, numa turma apresentei eu, noutra turma a minha colega Soraia. Gostei de realizar mais uma acção MUNSI, as crianças eram muito interessadas e participavam bastante, principalmente quando realizamos o jogo com os alimentos. Senti que quanto mais acções de promoção para a saúde realizar a crianças, mais naturalidade sinto perante elas.
Assim, no total, a acção do MUNSI foi realizada a 8 turmas, 6 do 3º ano e duas do 2º ano de escolaridade e pela reacção e avaliação dos professores, teve um impacto positivo J




Visita a Indústria Alimentar
Uma actividade bastante gratificante foi a visita a uma indústria alimentar de Catering. A visita realizou-se na sequência da realização de um trabalho das estagiárias de Saúde Ocupacional, Priscília e Nélida.

Exemplo de sala refrigerada a 12 ºC



Os temas tratados foram a saúde ocupacional em ambientes frios e em ambientes quentes.
Esta indústria possuía os dois tipos, ambiente frio nas salas de corte e preparação de peixes e carnes refrigerados e ambientes quentes na cozinha.


O grande objectivo da minha visita a esta empresa foi a verificação, no local e numa grande indústria, da implementação do sistema Análise de Perigos e Pontos Críticos (Hazard Analysis and Critical Control Point – HACCP). Contribuiu ainda para o enriquecimento na área da saúde ocupacional, deste tipo de empresas. Foi possível averiguar que a saúde ocupacional, por vezes, fica um pouco descurada, porque os trabalhadores até possuem noção do risco mas não tem acções de precaução. Por exemplo, um trabalhador exposto, durante 7 horas, a um ambiente frio (10ºC), deveria adoptar como boa prática fazer várias pausas ao longo do período de laboração. Constatou-se que o trabalhador só faz 2 ou 3 pausas ao longo das 7 horas de exposição ao frio. Houve ainda lugar para uma advertência à empresa que faz a higiene e segurança no trabalho, que, ao elaborar o seu relatório, não contempla os riscos por trabalhador, mas sim por zonas (cozinha, zona de corte de carnes, embalamento...). A legislação indica que devem ser avaliados os riscos por trabalhador, e acontece algumas empresas de higiene e segurança no trabalho não o fazem, como tal, a Unidade de Saúde Pública do Seixal, nas visitas que realiza, faz esta elucidação.

Documentos de interesse:

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